quinta-feira, 15 de abril de 2010

VOZ DE RUI BARBOSA E FREUD, ENTRE OUTRAS, ESTÃO EM DOCUMENTO SONORO

Jornalista gravataense que reside em São Paulo envia matéria que fala sobre colecionador de documentos sonoros. O conterrâneo Flávio Tiné envia uma nota curiosa, publicada num jornal de São Paulo, que transcrevemos na íntegra, através deste blog e que poderá ser lida e comentada no mundo inteiro.

Jornalista colecionador de documentos sonoros quer doar ou digitalizar acervo

O jornalista Luiz Ernesto Kawall, 82, é um colecionador de vozes. Tem em casa 4.000 documentos sonoros – Rui Barbosa, Freud, Monteiro Lobato, Juscelino Kubitschek, Federico Fellini, Édith Piaf, o marechal Rondon – e procura uma instituição que aceite a doação do acervo ou possa digitalizá-lo e disponibilizá-lo na internet.
A “Vozoteca LEK” (iniciais de seu nome) possui, entre outras raridades, 74 gravações de gols históricos cedidas ao Museu do Futebol.
Entre os documentos, há a narração, pelo locutor Geraldo José de Almeida, de um gol de bicicleta feito pelo são-paulino Leônidas, em 1942, contra o Palmeiras. Em uma entrevista em que fala sobre música mineira, o ex-presidente JK diz que uma serenata em Diamantina (MG) “é mais bonita que um passeio de gôndola em Veneza”.
Rui Barbosa, afirma Kawall, tinha a voz rouca, fanhosa e um sotaque aportuguesado. Há um discurso de campanha presidencial de 1913, em que elogia as mulheres.
De Monteiro Lobato há declarações feitas durante o Estado Novo. Ele se diz favorável à exploração do petróleo pelos brasileiros, e não por empresas internacionais.
Um último exemplo: o cantor Francisco Alves fez um concerto ao ar livre no bairro paulistano do Brás, em setembro de 1952. Referiu-se com carinho às “crianças do Brasil, às nossas criancinhas”. Ao voltar para o Rio, horas depois, sofreu o acidente de carro que o matou.
Kawall começou a trabalhar na “Tribuna da Imprensa”, jornal de Carlos Lacerda, na “Gazeta” e na Folha – onde tinha uma coluna dominical sobre artes plásticas – e assessorou dezenas de empresários, artistas e políticos.
Sua obsessão em colecionar vozes surgiu há 40 anos, mas o jornalista tem poucas entrevistas feitas por ele mesmo. Boa parte dos documentos foi comprada, doada ou copiada de outras fontes. A digitalização dependeria de acordo de direitos autorais.
Por enquanto, há três instituições que já se mostraram interessadas pela vozoteca: o Centro Cultural São Paulo, o Instituto Moreira Salles e o governo de Minas Gerais.
(Folha de São Paulo, 09/03/2010)
Ouça comentários e trechos do acervo: www.folha.com.br/1006314

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